Um novo exame de sangue pode detectar o mesotelioma oculto, um câncer raro e agressivo, com maior precisão do que os exames de imagem tradicionais. Este avanço poderá revolucionar o tratamento de pacientes com mesotelioma, que muitas vezes passa despercebido até atingir estágios avançados.
O desafio de diagnosticar o mesotelioma
O mesotelioma se desenvolve no revestimento dos órgãos, freqüentemente nos pulmões (pleura). Está fortemente ligado à exposição ao amianto. Ao contrário de muitos cancros, nem sempre forma tumores sólidos; em vez disso, ele se espalha como fluido difuso pelo tecido pulmonar, dificultando a detecção por imagens padrão. Aproximadamente 30.000 casos são diagnosticados anualmente em todo o mundo, mas o número real pode ser maior devido a limitações diagnósticas.
Como funciona o novo teste
Pesquisadores de Georgetown e Johns Hopkins desenvolveram um exame de sangue altamente sensível que procura DNA tumoral circulante (ctDNA). As células cancerosas liberam DNA na corrente sanguínea, e esse método pode detectar até mesmo vestígios microscópicos de câncer que não foram detectados nos exames. O teste utiliza sequenciação avançada de todo o genoma para identificar a presença de ctDNA, mesmo no mesotelioma, que tem sido historicamente difícil de detetar através destes métodos.
As conclusões do estudo
O ensaio clínico de fase II, liderado pelo Dr. Joshua Reuss, testou esta abordagem em pacientes que poderiam se beneficiar da cirurgia. O estudo descobriu que o exame de sangue:
- Câncer detectado em pacientes onde os exames de imagem não mostraram sinais claros de doença.
- Taxas de recaída previstas com mais precisão do que as avaliações padrão.
- Apresentou sinais promissores para melhorar os resultados com imunoterapia neoadjuvante (tratamento antes da cirurgia).
“As imagens nem sempre capturam o que está acontecendo com o mesotelioma, especialmente durante o tratamento”, disse o Dr. Valsamo Anagnostou, autor sênior do estudo. “Ao usar um método ultrassensível de sequenciamento de ctDNA em todo o genoma, fomos capazes de detectar sinais microscópicos de câncer que a imagem não percebeu e prever quais pacientes tinham maior probabilidade de se beneficiar do tratamento ou sofrer recaída.”
Por que isso é importante
A detecção precoce é crucial para melhorar as taxas de sobrevivência. O mesotelioma é notoriamente difícil de tratar, mas a imunoterapia tem se mostrado promissora no prolongamento da vida dos pacientes. Este novo exame de sangue poderia ajudar a identificar os pacientes que mais se beneficiariam com a imunoterapia antes da cirurgia, tornando o tratamento mais eficaz.
O futuro do diagnóstico do mesotelioma
Embora este estudo mostre um forte potencial, são necessárias mais pesquisas antes que o teste possa ser amplamente adotado. Os ensaios de fase III serão cruciais para confirmar os benefícios em grupos maiores de pacientes. No entanto, os primeiros resultados sugerem uma mudança significativa na forma como o mesotelioma é diagnosticado e tratado. O teste ainda não está pronto para uso clínico de rotina, mas representa um passo importante em direção à medicina personalizada no tratamento do câncer.
O estudo foi patrocinado pela Bristol Myers Squibb e apoiado por vários subsídios, incluindo os do Departamento de Defesa e dos Institutos Nacionais de Saúde. Os autores relatam laços financeiros com empresas farmacêuticas, incluindo AstraZeneca, Roche e Merck, conforme divulgado no manuscrito publicado.
